Dry Hopping: que técnica é essa?!

Hola!

Hoje vamos escrever sobre uma técnica muito utilizada na produção de cervejas lupuladas, em especial as IPA’s: o Dry-Hopping.

Se ficar atento aos rótulos desse tipo de cerveja, será bem comum ver o nome dessa técnica aparecendo.

Cones de lúpulos. Assim são colhidos no campo.

Mas antes vamos comentar um pouquinho sobre as funções dos lúpulos na fabricação da cerveja. O lúpulo, por muitos cervejeiros, é denominado o “tempero” da cerveja, isso porque é responsável pelo amargor e também pode contribuir para o sabor e aroma das cervejas.

Nos lúpulos são encontrados milhares de compostos químicos, sendo os alfa e beta-ácidos responsáveis pelo amargor. Esses ácidos são insolúveis em água, porém, ao ferver a cerveja, eles são convertidos em seus isômeros, que são solúveis. Logo, quanto mais no início da etapa de fervura adicionamos os lúpulos, mais eles contribuirão para o amargor, pois mais compostos isomerizados estarão presentes (a saber – iso-alfa-ácidos).

Inversamente, os compostos que proporcionam sabor e aroma são voláteis e, em altas temperaturas, eles evaporam e não permanecem na cerveja ao final do processo. Então, para ter aroma e sabores, os lúpulos devem ser adicionados mais ao final da etapa de fervura, de forma a manter o máximo desses compostos por lá.

Barris sendo enchidos a partir do fermentador. Umas das formas de fazer dry hopping é adicionar os lúpulos direto no fermentador.

Uma vez que esses compostos responsáveis pelos aromas são bastante voláteis, os cervejeiros começaram a adicionar esse ingrediente durante a etapa fria do processo, ou seja, durante a fermentação e/ou maturação. As temperaturas nessas etapas variam entre 12-18°C (fermentação) e entre 0-4°C (maturação), assim é observado maior extração e manutenção dos compostos aromáticos. Quando o lúpulo é adicionado nesta etapa, o processo é conhecido como Dry Hopping.

É bem comum utilizar Dry Hopping aos vários estilos de India Pale Ales (IPAs), e são exatamente essas as cervejas que temos aquela explosão de aromas ao abrir uma garrafa ou servi-las no chope.

Duas cervejas da Fratis utilizam do processo de Dry Hopping – Session IPA e Hop Lager. A Session IPA utiliza uma mistura de três lúpulos ao final da fermentação, conferindo uma explosão de aromas cítricos e de frutas tropicais. Esses aromas estão presentes, principalmente, em lúpulos americanos e do novo mundo (Austrália e Nova Zelândia).

A Hop Lager, em contrapartida, utiliza uma mistura de lúpulo alemão e neozelandês. Esses lúpulos contribuem para um complexo aroma floral e de frutas. Esses aromas florais são típicos de lúpulos plantados na região da Alemanhã e República Tcheca, mais um exemplo de como o terroir (local de plantio, clima, etc) influência nas características de aroma e sabor dos lúpulos. O mesmo já é bastante difundido no mundo dos vinhos (diferentes uvas fornecem vinhos com diferentes características) e café.

Comente se ficou alguma dúvida ou se gostaria de compartilhar alguma experiência sua.

Até.

WhatsApp Image 2021-03-10 at 18.42.09

Texto por

Fabiano Ferreira de Paula

Cervejeiro caseiro desde 2016, é sócio fundador e principal consumidor da Cervejaria Fratis. Vasta experiência em escrita com foco em depoimentos do Orkut. Sommelier de cervejas pela Associação Brasileira de Sommeliers (ABS). Possui doutorado em química pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde também realiza atualmente seu pós-doutorado em Inovação e Biotecnologia.

Deixe um comentário